Entubado já no centro da SPVS para repor os niveis electrolíticos e de energia
Debatem-se as questões relacionadas com a fórmula alimentar e planejam-se os dias vindouros no centro com vista à recuperação do Grampus
Hoje á tarde a SPVS recebeu um alerta de um golfinho vivo arrojado na praia de Porto Novo, perto de Vimieiro, Lourinhã. Logo depois de ser contactado, saí de Coimbra pela A1 em direcção ao sul, fiz a A8 e depois saí até à praia onde estava um golfinho recém-nascido Grampo (Grampus grisseus), ainda com as marcas do nascimento, com papilas linguais que ajudam a amamentação e provavelmente macho (ainda a confirmar porque o seu grau de stress era de tal ordem que não o viramos ao contrário para determinar o sexo). Estava ainda na praia, dentro de água, suportado por uma manga para não se adornar e ficar com o espiráculo fora de água para poder respirar. A respiração já estava regular, sem manifestar nervosismo porque já tinha sido medicado com valium. Foi entubado com solução electrolítica e glicose antes de ser transportado até as instalações em Quiaios. O transporte foi longo por causa do trânsito e sem apoio da BT. Decidimos então accionar os quatro piscas e em benefício do jovem cetáceo em risco de vida, transformamos a nossa pick-up num veículo prioritário. Fez uma paragem respiratória durante a viagem, mas retornou à vida e conseguimos chegar ao Centro da SPVS e coloca-lo numa piscina onde foi novamente entubado e medicado com antibióticos e outros fármacos para o ajudarem a ultrapassar esta fase difícil. Logo o Prof. José Vingada pôs mãos à obra e começou a planejar a luta pela vida do bebé que terá perdido a mãe, quiçá vítima de alguma rede ou tubarões. O primeiro passo foi o cálculo das suas necessidades energéticas diárias, que calculamos para um peso de 40Kg (foi pesado logo após a chegada) serão 8000 Kcal divididas em cinco entubações que serão realizadas em cada 3,5 horas, havendo um período de 6 horas nocturnas sem entubações, de modo a haver um funcionamento sustentável pela sua sobrevivência. O bebé está sempre com alguém dentro da piscina que o ajuda a equilibrar e também monitoriza os seus sinais vitais. Logo após a chegada dos biólogos da SPVS ao sítio do arrojamento, foi recolhido sangue nos vasos da barbatana caudal para diversas análises que nos darão valiosas informações sobre o seu estado de saúde e de nutrição, que à partida pelo do seu grau de emaciação, calculamos que não se alimenta há alguns dias. A partir de agora e com a experiência que resultou da fabulosa recuperação do Nazaré, todas as perspectivas se abrem, mas também temos a consciência de que a recuperação de um bebé mamífero marinho é muito difícil, mas isso só nos vai motivar para conseguir que esse tão nobre objectivo seja alcançado. Os cientistas estrangeiros ficam sempre admirados como é que conseguimos recuperar o Nazaré com tão poucos meios. Mas a verdade é que se houvesse mais apoios não temos dúvidas que as esperanças multiplicar-se-iam por mil. Força Grampus!!!