A Nossa Clínica

A Vetcondeixa, fundada em 30 de Dezembro de 1990, localiza-se em Condeixa-a-Nova, dispõe de generosas instalações, moderno equipamento e sofisticados meios auxiliares de diagnóstico.

Disponibiliza um horário de atendimento alargado, (de segunda a sexta da 10:00h as 13:00h e das 15:00h as 20:30h e aos sábados das 10:00h as 13:00h e das 15:00h as 18:00h) e uma equipa de profissionais atenta às necessidades dos clientes que nos visitam.

A nossa essência é a prestação de um serviço de excelência ao nível dos cuidados médicos de animais de companhia.

terça-feira, novembro 27, 2007

A Oslo Precisa de Um Dono

Recebemos este pedido de ajuda que publicamos imediatamente tal a urgência da necessidade:

Esta gatita linda sofreu um bocadito. Deve ter sido abandonada ainda jovem, junto ao clube náutico de Coimbra, e aí foi sobrevivendo… quando a encontrámos, estava muito magrita, com uma fractura na perna traseira esquerda que entretanto cicatrizou sozinha, sem tratamentos. Tinha 4 filhotes, magríssimos, pequeninos e enfezados, tal como a mãe gata, todos com o pêlo estragado e empobrecido, estavam abandonados e esquecidos… mas não, não completamente esquecidos! Alguém os viu e fomos buscá-los, e foram recuperados, mimados e tratados, e os bebés pequeninos foram crescendo e foram adoptados, e esses tempos difíceis não são mais que uma sombra na memória deles.A gata agora é feliz, está bem tratada, embora coxeie. Está com uma pelagem muito bonita, tipo Tabby, muito suave ao toque, tal que parece seda natural. Vejam só estas fotos…Está disponível para adopção, mas só para uma casa onde possa recuperar em segurança e tranquilidade.É uma gata ideal para companhia, pois é muito tranquila, e não requer muito, apenas o seu espaço e o seu tempo, pois há que ter paciência para esperar por ela.Oferece-se esterilização. Contactos para adopção Myriam, 914 939 292 e/ou Nina, 96 6328217


Pelos Animais

sábado, novembro 24, 2007

Reflexões Sobre o Arrojamento em Massa de Golfinhos Cabeça–de-Melão na Ilha da Boavista, Cabo Verde


Sábado, 17 de Novembro de 2007
Porto de Mindelo, Ilha de S.Vicente, Cabo Verde.
O Submarino nuclear americano, USS Annapolis (SSN760) de 109,73 mt de comprimento, faz-se ao mar em missão de patrulhamento e recolha de informações sobre o tráfico de estupefacientes e emigração ilegal.

Domingo, 18 de Novembro de 2007
Morro de Areia, Ilha da Boavista, Cabo Verde
265 Golfinhos Cabeça-de-Melão (Peponocephala electra) avançam desorientados em direcção à praia, encobertos pela escuridão da madrugada, arrojam-se um a seguir ao outro e morrem em agonia na areia.
Foram todos enterrados, não se fizeram necrópsias nem recolheram amostras de nenhum dos animais arrojados.
Nos dias seguintes ocorreram outros arrojamentos, em menor número e também não há registo de recolha de amostras nem necrópsia de nenhum dos animais.

Os golfinhos cabeça-de-melão são cetáceos que se alimentam de lulas e para isso descem a grandes profundidades (“deep divers”), e se forem “bombardeados” pelos sonares utilizados pelos militares, que são muito potentes comparados com os sons da natureza, desorientam as suas capacidades de ecolocalização ( procuram as presa por ecolocalização nas profundezas) e em pânico procuram a superfície rapidamente, sofrendo por isso um síndrome igual ao dos mergulhadores que emergem antes do tempo de descompressão, causando libertação de azoto nos tecidos, com consequente embolia gasosa e gorda e inúmeras hemorragias pelos órgãos internos, nomeadamente no cérebro e ouvidos.

A utilização de sonares em manobras militares já coincidiu várias vezes com arrojamentos massivos de cetáceos que mergulham em profundidade em que apresentaram lesões semelhantes às encontradas na “doença do mergulhador”. Alguns Exemplos:
- Grécia 1996
- Bahamas, 2000
- Fuertventura, Ilhas Canárias, 2002
- Açores, 2003
- Florida Keys, 2005
- Baia de Hanaley, Hawai, 2004

É difícil avaliarmos o real impacto dos sonares na vida marinha, porque ultrapassa grandemente o número de animais que arrojam nas praias. Muitos morrem nas profundezas e nunca chegam à nenhuma costa e além disso os que sobrevivem apresentam alterações comportamentais que poderão por em causa a própria sobrevivência da espécie, visto que são espécies que utilizam o som com meio de comunicação e em todas as actividades da sua existência, desde a procura de comida à corte e reprodução, e foram observados cetáceos que alteraram os sons que produziam após terem sido submetidos à violência de sonares militares.
É muito importante que consigamos convencer os militares a introduzirem restrições na utilização de sonares de curta e média frequência porque estão a destruir e a causar sofrimento em espécies que fazem parte da maravilhosa riqueza da biodiversidade que povoa o nosso planeta.
Penso que poderemos chegar a um consenso em proveito da natureza. Cabo Verde tem de ser compensado por esta catástrofe ecológica causada pelo mau planeamento militar e a compensação deverá ser, a meu ver, em apoio ao estudo da natureza para que estas tristezas nunca mais habitem as nossas águas.
Não tenho dúvidas porque os factos são muito coincidentes. O USS Annapolis deveria sair do seu silêncio para esclarecer os factos, nomeadamente comunicando a sua rota nesse dia e a utilização de sonares. E já agora deveria ser investigados junto dos russos e dos americanos se em 2003, na altura dos arrojamentos em Santa Luzia e no Maio se nenhum submarino “amigo” estaria em voltas aqui do nosso querido arquipélago.
Ps. Oiçam o testemunho de Pierce Brosnan em http://www.nrdc.org/media/docs/051019.mp3.
Pela Natureza
Por Cabo Verde
Salvador St.Aubyn Mascarenhas
Médico Veterinário





Pelos Animais

terça-feira, novembro 20, 2007

Arrojamento em Massa em Cabo Verde

Arrojamento de Golfinhos Cabeça de Melão

Há uns anos que dedico uma parte da minha arte (medicina veterinária) a ajudar a Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem, em Portugal, a recuperar cetáceos arrojados vivos nas costas portuguesas e por isso não me passou indiferente uma notícia brutal no meu país de origem: arrojamento massivo de cetáceos na ilha da Boavista, Cabo Verde, no domingo passado, perecendo 265 (duzentos e sessenta e cinco) animais, apesar das tentativas desesperadas das autoridades marítimas e dos populares. Hoje mais 70 arrojaram e caminham para o mesmo fim. Ao largo da costa, testemunha a bióloga Ivete Delgado, um grupo de cerca de 400 animais em aparente desorientação arrisca-se ao mesmo destino.
Não houve informação de qual seria a espécie envolvida, mas pelo elevado número de animais não há dúvida que se trata de uma espécie com uma estrutura social muito gregária, que para entenderem melhor, com ligações sociais muito intensas como os carneiros num rebanho. Investigando a história recente dos arrojamentos em Cabo Verde, descobrimos que em 2003 mais de cem animais pertencentes à espécie Peponocephala electra (Golfinho de Cabeça de Melão ou Orca Anã) arrojaram na ilha deserta de Santa Luzia e quase todos morreram, e que em 2004 na localidade de Sinagoga em Santo Antão arrojaram alguns animais desta espécie e mais no dia 27 de Outubro de 2005, nove animais da mesma espécie arrojaram na Baía da Murdeira na ilha do Sal onde foram socorridos pelos populares e autoridades marítimas, que nesse caso ainda conseguiram salvar sete animais. Habitando as águas de Cabo Verde esta é a única espécie conhecida que tem uma organização social tão fortemente gregária para se observarem grupos tão numerosos, por isso é muito provável que os arrojamentos ocorridos na ilha da Boavista tenham sido de Golfinhos de Cabeça de Melão.
Os Golfinhos de Cabeça de Melão ou Orca Anã (Peponocephala electra) são geralmente de águas profundas. Alimentam-se de lulas e pequenos peixes, e vivem nas zonas de água quente. Os machos normalmente medem 2,5mt e as fêmeas 2,43mt e o peso máximo observado foi de 275 kg. Ao nascer medem cerca de 1 mt e atingem o tamanho máximo aos 13-14 anos. O tempo de gestação ainda é uma incógnita. São encontrados em grandes grupos, de 100 a 500 indivíduos, sendo que já foi observado um grupo de cerca de 2.000 golfinhos.
Alguns arrojamentos em massa de Golfinhos de Cabeça de Melão têm ocorrido em vários países do mundo banhados por águas tropicais, nomeadamente no Japão e no Brasil e que foram motivo de estudos aturados. Nalguns casos alguns animais estavam altamente parasitados ao nível do ouvido médio e interno por um parasita Nasitrema sp, que teria destruído o 8º nervo cranial, com a consequente perda da habilidade de navegação acústica (sonar) resultando em desorientação e arrojamento. E como são espécies altamente gregárias, se os líderes forem de encontro à praia o resto do grupo vai segui-los, como já tem sido observado nos casos em que o golfinho líder está doente e arroja, arrastando o resto do grupo que se encontra saudável. E as ligações sociais são tão intensas que por vezes todo o esforço para salvar os golfinhos é em vão, como tem acontecido em diversos arrojamentos com as Baleia Piloto (Globicephala sp.) que são de uma espécie também altamente gregária. Outras causas têm sido apontadas nomeadamente a utilização de sonares de baixa frequência pela marinha durante exercícios, havendo uma relação directa entre estes e a ocorrência de arrojamentos em massa como a 4 de Julho na baía de Hanalei no Hawai, onde houve um arrojamento em massa de Golfinho de Cabeça de Melão, tendo os exercícios militares iniciados um dia antes.
Voltemos à Boavista, à Cabo Verde. Na notícia que li diziam que todos os animais já tinham sido enterrados no local. Será que recolheram amostras e sangue para estudo a posteriori? Foram necropsiados alguns animais em busca de lesões? Um dado importante também é saber qual é a percentagem de machos e fêmeas arrojados, porque alguns estudos apontam casos com relação de 2 fêmeas para 1 macho (Perryman et al. 1994). O que se passa nas nossas águas? Haverá alguma actividade marinha desenvolvida naquela zona que as autoridades não tenham conhecimento? Um arrojamento de tão grandes proporções necessita, como é óbvio de uma investigação rigorosa, por todas as razões e mais alguma. Neste momento que estamos à procura de saber o que aconteceu, todas as perguntas deverão ser feitas, senão corremos o risco de nunca encontrar nenhuma resposta. Penso que esta é a altura ideal de reflectirmos sobre os mamíferos marinhos em Cabo Verde, uma reflexão que deveria englobar todos os que quisessem contribuir com o seu quinhão de conhecimento onde hoje as distâncias são anuladas pela tecnologia. É preciso dar mais ênfase ao estudo dos cetáceos em Cabo Verde, uma das grandes riquezas dos mares deste país, porque para conservar é preciso conhecer, não falando das implicações a nível internacional de que tal conhecimento traria. E já agora, porque não criar um grupo multidisciplinar permanente para o estudo dos arrojamentos dos cetáceos em Cabo Verde? E mais longe ainda; um centro de recuperação para animais arrojados e o seu estudo? Labor omnia vincit improbus.

Pelos Animais