Disparos Culturais

Uma urgência como esta faz-nos pensar em várias coisas que estão erradas, profundamente erradas. Muitos animais que não têm um dono que os leve a uma clínica como este ou que fazem parte de uma classe de animais ditos "silvestres" (que significa que não têm dono nem nunca terão e como perante a lei um animal é um objecto, logo se não têm dono ninguém poderá reclamar a sua "danificação" ou destruição) sofrem, desesperam e morrem numa autêntica chacina ao longo de quase todo o ano. Este cão foi baleado por uma caçadeira numa zona que é permitido aos caçadores caçarem a seu bel prazer. Existem suspeitas que os caçadores terão baleado o cão só porque presumiram que ele competia com eles na caça aos coelhos. Mas isso é um mero pormenor, porque incontáveis são os casos de cães, gatos, aves de rapina, texugos, lontras, baleados à queima roupa e deixados a agonizarem enquanto o sangue lhes escorre do corpo. Como quase ninguém reclama por medo da culpa morrer solteira, a chacina sobre os animais há de persistir enquanto alguns saem de camuflado e espingarda em riste numa espécie de playstation real com sangue de um lado e tiros de outro, com a permissividade da sociedade e da cultura, que se diz de brandos costumes.