No dia 25 de Fevereiro de 2007, sábado, cerca das 17 horas, a SPVS recebe um alerta através da Rede Abrigos do arrojamento de um golfinho riscado (Stenella coeruleoalba) jovem, fêmea, com cerca de 2 mt e que se denominava “Lucy” devido ao nome da senhora que a teria encontrado numa praia a Norte da Praia da Vieira, que teria acontecido cerca das 14 horas. Recebemos um telefonema da bióloga Marisa Ferreira da SPVS que já estava a caminho com a restante equipa de Quiaios da SPVS e partimos de Condeixa rumo ao local, e pelo caminho foram nos fornecendo indicações do estado do cetáceo, nomeadamente do seu estado de agitação, da sua frequência respiratória, reflexos, ferimentos, etc., e a partir daí recomendamos a administração de diazepam para tranquiliza-lo e fluidos por via oral de modo a combater a desidratação, visto tratar-se de um espécie muito stressada quando em cativeiro, existindo mesmo um protocolo de tranquilização permanente durante o período de recuperação. Quando chegamos um vasto dispositivo estava montado e uma carrinha da GNR já se preparava para transportar o animal arrojado para o centro de recuperação em Quiaios. Procedemos de imediato à recolha de sangue para análises no local e à posteriori, mas não sem antes avaliar o animal, que parecia mais tranquilo, em bom estado de carnes e com uma respiração quase normal, não se detectando nenhuma doença respiratória, mas a temperatura estava muito elevada, o que é considerado um risco imediato para a vida do animal, por isso foram colocadas mais toalhas molhadas a nível das barbatanas e com um aspersor a água era permanentemente aspergida por cima da sua pele e das barbatanas de modo a reduzir a hipertermia que se sabe fatal. O transporte decorreu sem incidentes de maior, a não ser uma paragem que teve de ser feita porque a água que era utilizada para refrigerar a “Lucy” tinha esgotado. Ao ser colocado na piscina do centro de recuperação a Lucy nadou quase que normalmente, demonstrando equilíbrio que se foi normalizando até apresentar uma natação que consideramos normal. Tentou-se fazer a alimentação natural o que não funcionou e então optou-se por alimentação forçada com peixe e também adicionamos antibióticos e vitaminas aos alimentos. Apesar da administração regular de diazepam a Lucy apresentava uma hiperactividade constante. As análises indicaram lesões do foro hepático e por volta das 5 horas da manhã fomos alertados que a Lucy teria sangue no estômago e então procedeu-se à administração de medicamentos gastroprotectores. Durante o dia ela manteve-se relativamente estável mas ao fim do dia, depois de uma tremenda agitação a Lucy parou de respirar e apesar de todas as manobras para traze-la de volta ela acabou por sucumbir. No dia seguinte procedeu-se à necrópsia e verificamos que tinha uma grande lesão hepática, mas as causas imediatas da morte bem poderão estar ligadas ao stress que já é sobejamente conhecida como causa da morte desta espécie de golfinhos que normalmente vive nas zonas mais profundas e que são muito nervosos sendo difíceis de existirem em cativeiro por causa disso. Mas de qualquer modo, pensamos que toda os procedimentos executados demonstraram a melhoria da capacidade da unidade de recuperação da SPVS apesar de todas as constrições de ordem económica existentes.
Pelos Animais
Pelos Animais
5 comentários:
No dia 28 de Abril de 2007?!?!
Jinhos***
Sim Formiguinha, na semana passada. Infelizmente é muito difícil recuperar um golfinho arrojado com lesões dessa natureza e nesta espécie o strees é mortal.
beijos
Ó Salvador...... ainda estamos em Março... :)
Só agora reparei o erro cronológico, mas já está resolvido :)
As minhas sinceras desculpas.
bjos
Continuem o vosso bom trabalho. Nem sempre se consegue salvar todos os Seres! É a ordem do Universo!
Bjs
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