A Nossa Clínica

A Vetcondeixa, fundada em 30 de Dezembro de 1990, localiza-se em Condeixa-a-Nova, dispõe de generosas instalações, moderno equipamento e sofisticados meios auxiliares de diagnóstico.

Disponibiliza um horário de atendimento alargado, (de segunda a sexta da 10:00h as 13:00h e das 15:00h as 20:30h e aos sábados das 10:00h as 13:00h e das 15:00h as 18:00h) e uma equipa de profissionais atenta às necessidades dos clientes que nos visitam.

A nossa essência é a prestação de um serviço de excelência ao nível dos cuidados médicos de animais de companhia.

quarta-feira, maio 27, 2009

Resposta aos Comentários Sobre a Ida do Nazaré ao Sea World


"Um dos primeiros aspectos que gostava de salientar é que na verdade o Naza foi condicionado com varas e apitos. Nós temos vídeos e fotos que demonstram isso e na verdade a própria reportagem da SIC evidencia isso. Havia um acordo elaborado numa reunião ao lado da piscina do Naza em Quiaios, que tinha como única imposição, que o Naza nunca fosse condicionado a fazer "brincadeiras de circo". Infelizmente é isso que ele faz neste momento.


No que se refere ao facto de o Naza não saber alimentar-se sozinho, temos outro argumento falacioso e resultante de erros induzidos pelos técnicos do Zoo. É fácil alimentar uma animal à pazada de comida (abre a boca com um assobio e aí vai 3 kilos de comida). É difícil estar por vezes 2,5 horas na borda de uma piscina à espera que o animal desenvolva estímulos e tácticas de predação, alimentando-se com peixe que é atirado de forma a simular peixe vivo ou mesmo usando peixe vivo. Infelizmente alguém se esqueceu que estes animais são muito inteligentes e aprendem facilmente. A questão no caso do Naza é que quem continuou a reabilitação passou toda a vida a condicionar animais a exibirem comportamentos de submissão perante o alimento, para depois fazerem palhaçadas.

Aqui reside toda a minha tristeza para com o Zoo e o seu pessoal. Este animal não é um animal de circo e foi resgatado como um animal selvagem, assim sendo a regra número um para a existência de qualquer centro de reabilitação é garantir que ele volte ao seu estado selvagem. É necessário dar uma segunda hipótese a estes animais e o nosso objectivo é garantir que tal é consigo com rigor técnico e científico de forma a aumentar o sucesso de uma possível reintrodução, que por natureza já é baixo

Mais argumentos que estão a ser usados e são errados: o animal vive em grupo e por isso não sobrevivia sozinho. A primeira parte é verdade. A segunda não há provas. As provas que existem são as de diversas baleias piloto solitárias na nossa costa e nas costas galegas e que estão bem de saúde. Normalmente são machos (vantagem para o Naza). Assim este animal até poderia sobreviver sozinho. Contudo, se o queremos libertar era necessário encontrar um grupo e nesse caso o sucesso seria maior. Problema disto tudo: é preciso meios, pessoas e vontade. Infelizmente, nada disto existe por cá.

Terceiro argumento: o Naza vai para junto de animais da mesma espécie. Falso. O Oceanário nos USA tem outra espécie de baleia piloto.

Agora para terminar vai uma questão ética profunda:

Um dos argumentos dos zoos e parques aquáticos é ter animais em cativeiro para acções de educação, divulgação e conservação, nomeadamente promovendo a sua reprodução para servirem como reservatório de espécies, caso estas desapareçam do estado selvagem. Ou seja reproduzi-las para as re-introduzir. Como eles nunca estiveram em estado selvagem, estes animais não se sabem comportar. Então assim sendo, o principal argumento deles vai por água abaixo. Ou seja a sua existência assenta num conjunto de contradições, porque por um lado querem reproduzir e reintroduzir, mas por outro dizem que os animais jovens não devem ser reintroduzidos porque não aprenderam a ser selvagens. A questão aqui complica-se: não aprendem a ser selvagens ou não os deixaram aprender a ser selvagens?

Aqui vamos para outro problema: é que infelizmente a dita "reabilitação em parques e zoos" é na maioria das vezes marketing. Infelizmente esse marketing deveria ser regulado por quem tem poderes para tal e isso não acontece. Pior é quando a reabilitação é uma forma fácil de arranjar candidatos ao cativeiro e ao aumento das colecções sem grandes custos e contornando as leis que proíbem a captura de animais selvagens.

Assim, o Naza é o primeiro de muitos casos que, com o tempo e com a melhoria das nossas capcidades de intervir em cenários de arrojamento, vão surgir na realidade Portuguesa. Quem legisla em Portugal tem de encontrar uma forma de resolver estes problemas e para o bem da conservação das espécies é bom que as nossas acções passem a ser mais pró-activas do que passivas. Uma garantia te posso dar: não vai voltar a haver um novo Nazaré, enquanto eu tiver forças para o puder evitar.

Infelizmente, se calhar dentro em breve vamos ter uma extinção local de uma espécie de cetáceo que não existe em cativeiro (o boto) e aí que seria necessário ter os parques e os zoos preparados para actuar, vamos ter um conjunto de pessoas que só sabem assobiar em apitos e condicionar animais de circo. Nessa altura gostava de ouvir as opiniões dos técnicos e responsáveis do Zoo???"

Pelos Animais

4 comentários:

Catarina Santos disse...

é exactamente o que penso, mas mesmo sendo estudante de vet, qs ninguém partilha este modo de ver os zoos...

lamentável!

Catarina Santos disse...

é exactamente o que penso, mas mesmo sendo estudante de vet, qs ninguém partilha este modo de ver os zoos...

lamentável!

Salvadorvet disse...

Infelizmente o Nazaré morreu no Zoo de Lisboa há 3 dias, ainda se está a investigar a causa da morte. Estamos todos muito tristes.

Tat Wam Asi disse...

Tive com ele no tanque de quiaios num fds. Que descanse agora e seja selvagem, coisa que infelizmente não pode ser.

Concordo com quase tudo o que disseste no post, Infelizmente as coisas evoluem devagar, mas muita gente ajudou e cresceu também com a experiência que ele proporcionou. Esperemos que tempos melhores venham.

Abraco